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Mais vale um pequeno impacto na mão do que cem promessas verdes a voar

Quando o refraneiro popular soa, razão leva.

O greenwashing, o postureo sustentável ou a lavagem verde: uma moda intemporal

Embora a incorporação da palavra ‘postureo’ tanto na linguagem coloquial (popularizada por volta de 2012) como na RAE (em 2017) sejam dois factos que ainda podemos categorizar como recentes, que não nos enganem: a sua essência leva décadas a expandir-se entre as empresas em muitas manifestações. Uma delas, a sustentável: já nos anos 70, quando o Clube de Roma alertou, no seu relatório “The Limits to Growth”, sobre as consequências do crescimento descontrolado num planeta finito, algumas companhias petrolíferas lançaram campanhas publicitárias a lavar a sua imagem enquanto continuavam a expandir as suas operações.

Mais de quarenta anos não foram suficientes para reverter esta tendência

Em 2017, a Fundação Ellen MacArthur denunciava, através de “A New Textiles Economy: Redesigning Fashion’s Future”, as incongruências presentes em certos discursos de algumas companhias têxteis. E é que, se bem que estas promoviam linhas de roupa “eco-friendly” e programas de reciclagem, a maior parte da sua produção continuava a basear-se em práticas poluentes e exploratórias. Ambos os exemplos manifestam a realidade com a qual nos confrontamos sociedade e tecido empresarial em partes iguais: o greenwashing consolidou-se como a moda mais intemporal da história.

De onde vem a palavra greenwashing?

O termo greenwashing foi cunhado em 1986 pelo ecologista estadounidense Jay Westerveld, na sequência de um ensaio no qual criticava alguns hotéis pelas suas práticas “verdes” enganosas. Em concreto, inspirou-se num cartaz de um hotel que promovia a reutilização de toalhas para “proteger o meio ambiente”, mas que não aplicava medidas similares noutras áreas com um impacto ambiental muito maior. Uma estratégia que deixou a descoberto as verdadeiras intenções do hotel, mais centradas na redução de custos do que em promover a sustentabilidade.

Mas por que tão ‘trending topic’?

Pela procura crescente de produtos sustentáveis, tanto dos consumidores como por parte das instituições.

Movimentos como Fridays for Future sensibilizaram milhões de pessoas em todo o mundo sobre a importância de adotar práticas sustentáveis. Segundo o Edelman Trust Barometer 2023, 76% dos consumidores estão dispostos a recompensar as marcas que priorizem as atuações responsáveis com o meio ambiente. Além disso, as instituições públicas estão a intensificar o seu papel nesta transição, como demonstra a Lei Europeia do Clima, que estabelece objetivos vinculativos para alcançar a neutralidade climática em 2050 e exige às empresas um compromisso real e mensurável com a sustentabilidade.

Sem pôr em dúvida as verdadeiras intenções de cada um, muitas empresas procuram alinhar-se com estas expectativas para ganhar quota de mercado e melhorar a sua reputação. No entanto, implementar práticas ecológicas genuínas pode resultar dispendioso e complexo, o que conduz a incontáveis estratégias de greenwashing como solução aparente.

Como podemos fugir delas:

Impactos tangíveis que ajudem a causa

Apesar de a lenda e as evidências arqueológicas não terem chegado a um acordo sobre a fundação de Roma, coincidem em que não se construiu num dia. Uma afirmação adotada em muitos idiomas e culturas pelo seu carácter de verdade universal: as grandes mudanças não acontecem da noite para o dia. Pelo contrário, requerem um tempo de maturação, com uma soma constante de pequenos esforços realistas e alcançáveis.

Esta mesma lógica é aplicável também à sustentabilidade. Embora o postureo verde promova ações isoladas ou superficiais, não constrói um impacto duradouro para ninguém. Sim o faz, em contrapartida, a adoção por parte das empresas de estratégias capazes de gerar valor não só para os acionistas, mas também para empregados, clientes, fornecedores, comunidades e o meio ambiente. Nesta linha, na Becolve Digital pusemos em marcha uma série de iniciativas orientadas a gerar um impacto positivo desde onde podemos, através de modestos passos concretos e responsáveis:

  1. Apostamos na independência energética, da mão de uma companhia alinhada com os nossos objetivos ambientais

    A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a geração de eletricidade emite aproximadamente 0,9 toneladas de CO₂ por MWh quando provém do carvão, e 0,4 se se tratar de gás natural. Uma média global que põe de manifesto as enormes quantidades de CO₂ que uma companhia pode evitar ao adotar energias renováveis.

    Desde finais de 2022, na Becolve Digital contamos com placas solares que nos permitem produzir a nossa própria eletricidade. Durante 2024 gerámos 63 MWh, alcançando picos de 25 kWh nos dias mais soalheiros e injetando 9 MWh na rede geral. Isto último, além de aliviar a pressão em horas de máxima procura, contribui para um modelo energético mais equilibrado e sustentável. Além disso, naquelas faixas em que podemos ser autossuficientes, consumimos energia proveniente de uma companhia focada exclusivamente em fontes renováveis.

  2. A frota sustentável continua a crescer

    Um dos serviços que oferecemos à equipa da Becolve é a possibilidade de contar com um veículo de empresa, para facilitar, por exemplo, as visitas presenciais aos escritórios dos nossos clientes ou parceiros. Percursos que podem dar para um breve podcast, um programa de rádio, uma longa playlist ou um momento em silêncio em função dos gostos de cada um e do tempo que se disponha, mas que sempre implicam, conduza quem conduza, um consumo energético.

    Atualmente, a nossa frota é formada por turismos elétricos, híbridos e também alguns de combustão tradicional. Em concreto, dispomos de três carros elétricos e cinco híbridos já em funcionamento (e mais dois a caminho), com o objetivo a futuro de torná-la elétrica na sua totalidade.

  3. O adeus tão esperado às latas e às cápsulas

    Não devem ser mais de vinte passos os que separam a porta da sala de jantar dos nossos escritórios em Rubí e o frigorífico do mesmo. Antes, percorrida tal distância, um encontrava-se com todo um arsenal de refrigerantes… em lata. Uma embalagem cuja produção consome muita energia e pode causar desflorestação e perda de habitat.

    Agora, com a mudança há algo mais de um ano para garrafas de vidro retornável – que, embora não fiquem isentas de gasto energético, podem reutilizar-se até 50 vezes –, colaboramos para reduzir a necessidade de fabricar novas embalagens. E quando lhes chega o seu momento final, o seu último anseio, estas garrafas são infinitamente recicláveis, fechando o ciclo de forma muito mais sustentável. Em 2024, até 1.136 garrafas de cristal seguiram com vida após a sua passagem por Becolve.

    E se há um ano prescindimos do alumínio das latas, há dois fizemo-lo do das cápsulas, dando lugar ao café moído. Considerando que, em média, se consomem 90 cafés por dia trabalhado nos escritórios de Rubí, estamos a poupar 450 cápsulas por cada semana trabalhada. Uma cifra, no mínimo, a ter em conta.

  4. Expandimos a nossa presença também florestal

    A organização Retree nasce em 2020 com o objetivo de combater a desflorestação global e revitalizar o planeta. Desde os seus inícios, trabalha para proteger a biodiversidade e mitigar os efeitos devastadores das alterações climáticas. Partilhando os seus mesmos valores, desde a Becolve unimo-nos a esta causa para dar vida a um bosque de dois mil árvores que contribuirão para regenerar o futuro em Igualada.

  5. Alinhamos a nossa tecnologia com as nossas metas ambientais

    Na Becolve Digital dispomos de uma solução de gestão de edifícios (BMS) preparada para criar ambientes mais inteligentes, seguros e eficientes, graças a ferramentas que otimizam as operações e fomentam a poupança energética. Dita solução, também presente nos nossos escritórios, ocupa-se de regular automaticamente a climatização dos espaços em função da sua ocupação ou temperatura exterior, como também de ajustar a iluminação e as persianas segundo a luz natural disponível, entre outras funcionalidades.

E daqui, para onde?

As iniciativas mencionadas anteriormente não resolverão os desafios globais, nem transformarão o panorama ambiental da noite para o dia. Não obstante, estas ações, ainda que modestas no seu alcance, estão desenhadas para ajudar a construir um futuro mais sustentável para todos, assim como para inspirar outras organizações a replantear as suas operações diárias.

Perante uma sociedade cada vez mais preocupada – e consciente – pelas alterações climáticas e suas consequências, já não basta com boas campanhas de marketing sobre sustentabilidade, nem vale tudo: as empresas, desde a posição que ocupamos, devemos atuar com a responsabilidade que merecem as comunidades e o meio ambiente.