Select Page

A esperada colheita de dados

O setor agrário enfrenta importantes desafios para melhorar a sua competitividade, mas também para ser mais eficiente na gestão do recurso água. A tecnologia desempenha um papel relevante, neste s...

A esperada colheita

O setor agrário não é alheio às novas tecnologias e paradigmas que afetam outros setores ligados à produção, transformação e/ou distribuição de qualquer tipo de bem ou serviço.

Um exemplo evidente disso são todas as mudanças que estão a ocorrer em busca da melhoria da eficiência no uso da água durante todo o seu ciclo integral, otimizando a sua gestão, diminuindo os pontos fracos da cadeia – perdas, fugas, etc. – e protegendo-se contra riscos presentes e futuros – boicotes físicos e ameaças informáticas. Evidentemente, o setor agrário é um ator principal desse ciclo. E a gestão da água não é o seu único ponto de melhoria.

Figura. Ciclo integral da gestão da água

Ciclo integral da gestão da água

Fonte: ‘Transformational Wisdom for the Water & Wastewater Industry’ by Schneider Electric

O espanhol agrário espanhol tem-se mostrado até agora cético e conservador com o avanço das novas tecnologias e com razão, os erros pagam-se caro, e a margem de manobra é estreita para aventuras arriscadas. Isso não significa que não se façam grandes apostas e investimentos, mas estes têm sido sempre mais focados naquela maquinaria, infraestrutura ou obra civil que tem um impacto imediato.

Mas ser cético não significa ser descuidado, estamos num momento em que o ateísmo tecnológico pode ser considerado uma inconsciência tanto do ponto de vista de negócio, como ecológico ou do pessoal que trabalha na exploração, da mesma forma que se hipoteca em grande medida o futuro.

É evidente que existem cenários que hoje em dia se veem distantes – mas não impossíveis – que aportam uma vantagem compreensível, como pode ser o funcionamento autónomo da maquinaria agrária, automatização dos armazéns e silos agrários ou o uso de drones para provocar ou prevenir precipitações. Mas o facto destacável é que atualmente já existem ferramentas, tecnologias e conhecimento para realizar projetos que significarão uma melhoria do setor.

A existência de novas tecnologias de transmissão, a melhoria da cobertura, as ferramentas de baixo consumo, a melhoria das baterias, o uso da geolocalização, os potentes softwares de análise de dados, a interconexão dos sistemas… tudo isso permite que JÁ sejam realidade ideias com um impacto imediato como:

  • Controlo em tempo real do estado químico do solo.
  • Coordenação da rega com a previsão meteorológica.
  • Deteção rápida de fugas na rede de tubagens através das perdas de pressão ou sensores de inundação.
  • Machine learning dos dispositivos mecânicos e elétricos envolvidos na rega para manutenção preventiva
  • Controlo de propagação de pragas
  • Coordenação remota do parque de tubagens.
  • Ferramentas para detetar e espantar fauna não desejada
  • Análise de procedimentos para processos de melhoria contínua
  • Controlo do nível dos silos para gestão de frotas
  • Monitorização do material armazenado nos silos ou coberturas

Este tipo de melhoria são os primeiros passos que se devem dar para ter um setor de rega mais controlado e seguro para melhorar a sua produtividade e eficiência. A partir daqui, sairão novos planos e horizontes ainda mais ambiciosos, mas deve-se começar por aqui.

É evidente que a reticência do setor tem estado justificada. Por isso, qualquer tipo de projeto tem de ser feito de maneira conveniente , justificando as ferramentas e tecnologias selecionadas, com um parceiro tecnológico que inspire confiança, realizando as correspondentes Provas de Conceito prévias, tendo claro qual é o cenário ao qual se pretende chegar, tendo presentes os riscos derivados desta mudança de cenário – a cibersegurança é um claro exemplo disso –, com histórias de sucesso constatáveis… Não pensar nisso, pode desembocar num projeto falhado.

Números na mão, já existem projetos com ROIs elevados realizados desde o setor privado em colaboração com o setor público. Assim, comecemos a resolver o défice tecnológico de um setor primordial na nossa sociedade.

Na próxima quarta-feira, 28 de fevereiro, aportamos o nosso grão de areia à modernização tecnológica do setor participando numa interessante jornada organizada pelo Ministério da Agricultura, Pesca, Alimentação e Meio Ambiente sob o título “Digitalização, Big Data e Cibersegurança no setor da agricultura de regadio“.

Fernando Campos, Logitek M2M & IoT Solutions Manager